quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

"Sincericídio" - ou a arte de ser deselegante dizendo tudo o que se pensa


Bom dia a todos, voltei depois de um longo carnaval.
Hoje resolvi abordar  mais um tema perigoso, a linha tênue que separa a sinceridade da grosseria.
Hipocrisia é um mal, cantado em versa e prosa, mas será que a sinceridade é tão boa assim? Ou ao menos, será que é elegante  dizer tudo o que se pensa?
Existem pessoas que me surpreendem pela falta de bom senso com as palavras, dizem tudo o que pensam e não importa a quem e coleciona inimigos ou ódios por suas palavras sempre “sinceras”.
A eloqüência, a arte de bem falar, é algo louvável, dizer tudo o que vem à mente, não importa o destinatário e não importa o resultado, é rude e grosseiro.
Vejo muita gente bater no peito e dizer: "doa a quem doer, sou sincera!" "Eu só falo a verdade, não importa as consequências”, "gosto de dizer umas verdades", "fulano ou ciclana precisam escutar umas boas" e por aí vaí, essa pessoas são  desprovidas de um mínimo de educação, ou são sem noção, porque com o passar dos anos, com um pouco de experiência e um pouco de verniz social alguns princípios de elegância devem ser adotados para um bom relacionamento:
1-    A “verdade” sempre tem dois ou mais lados, e deve ser admirada por todos eles antes de uma conclusão, então, se você não for o “dono da verdade” e ninguém é, pare de falar “verdades” para os outros. Há uma lenda que conta que um homem procurou por todos os cantos da terra pela verdade até que a encontrou no alto da montanha mais alta, a verdade era uma idosa senhora, muito enrugada, muito feia e sábia e com ela o homem ficou por muito tempo aprendendo. Quando achou que era hora de voltar para sua vida, despediu-se da verdade e lhe perguntou: “o que você gostaria que eu dissesse a seu respeito aos homens?” e a verdade lhe respondeu: “que sou jovem e bela”. Moral da história...nem a verdade é tão verdadeira assim, nem tão bela...
2-    Sua moral, sua razão de existir, seus valores, seu estilo de vida, são bons para você, não os imponha aos outros com sua sinceridade, no mínimo você pode ser tido como um chato e no máximo como um mal educado de primeira, intransigente e preconceituoso;
3-    Cuide com suas opiniões, quando quiser dizer que alguém está gordo, magro, mal vestido, ridículo, etc., só o faça se for convidado pela pessoa, mais ou menos em um pergunta assim: “você acha que eu estou gorda?” e ainda assim, use de algo raro, mas muito bom para sua sobrevivência social, TATO, e de uma resposta que não magoe, por exemplo: “você está se achando gorda? Se estiver, emagreça então! O limite é nosso bem estar” e por aí vai;
4-    Respostas educadas sempre que possível, se provocado, pense um pouco antes de dar a primeira resposta que vem à mente, você estará apenas se igualando ao provocador (essa lição me dava minha mãe desde pequena e eu pensava: que bobagem, eu sei falar, se me disserem uma, digo duas, com o passar do tempo, dei razão a ela e vi como é bom ser visto como uma pessoa educada, muito mais do que como um grande debatedor de bobagens);
5-    Não tem nada de bom para dizer para alguém? Pode ser porque a pessoa não lhe inspira nada de bom, pode ser que a sua opinião sobre aquela pessoa seja ruim, pode ser porque a pessoa seja realmente um débil mental, ok, não diga nada. Reserver-se a cumprimentos de praxe, “oi, tudo bem?”, “como vai”, “o dia está lindo não?”
6-    Aliás, se não tem nada de bom a dizer, não diga nada nunca, fique quieto, seu amargor só vai contaminar a vida dos outros e seu ódio, envenenar o seu próprio sistema nervoso;
7-    Se a pessoa com quem você convive, por qualquer razão lhe é desprezível, pare de conviver – ah, mas ele é meu chefe! Mude de emprego! Ah, mas ele é meu marido/esposa – queridos, vocês estão mal casados, resolvam isso;
8-    Se você tem um grande amigo, um grande amor, uma grande intimidade –principalmente- e se você acha que o comportamento dessa pessoa está uma atrocidade, que o que ele está fazendo coloca em risco a segurança e a felicidade dele,  sua boa imagem, com carinho, com jeito, de um toque para que ele corrija o rumo se ele quiser, é um toque, não um rosário matinal.

            E por fim, lembre-se: as pessoas só mudam se quiserem mudar, com um bom trabalho psicológico, com boa vontade, não serão as suas palavras rudes que farão com que elas adotem uma nova atitude, um bom conselho é maravilhoso se foi solicitado, se não foi, se abstenha, não se meta em problemas que não são seus (salvo que sejam problemas sociais como a fome no mundo, os animais abandonados, o analfabetismo do país, porque as consequências um dia baterão a sua porta), e se não for o certo a fazer, ao menos é o mais educado.
            Ah, e só estou dando conselhos porque me solicitaram a continuar com o blog J.

             

2 comentários:

  1. Adorei este post, a expressão "sincericídio" é ótima!

    Realmente tem muita gente cometendo "sincericídio" todos os dias, e o pior é estes indivíduos acreditam que a sinceridade exacerbada, muitas vezes rude, é uma virtude... escondendo-se sobre o falso lema: "prefiro falar na cara do que pelas costas", já ouvi muito disso, acho um horror!

    "Melhor guardar suas opiniões para si quando não solicitadas", este é meu lema...hehe

    Ah, e continue com seus conselhos! Fico sempre entusiasmada com cada publicação!

    Abraços

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  2. Mais uma vez lhe agradeço Thaís, mas não vou ganhar os méritos do termo sincericídio que é muito usado pelos psicólogos e que lhe juro, não sei a fonte mas também amo.
    abraços
    Adriana

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